Apollo 11: A História Detalhada do Primeiro Passo na Lua

1. Introdução

A missão Apollo 11 foi uma das maiores conquistas da humanidade na história da exploração espacial. 

Em 20 de julho de 1969, dois astronautas americanos, Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin, se tornaram os primeiros seres humanos a pisar na superfície da Lua, enquanto o terceiro membro da tripulação, Michael Collins, permanecia em órbita lunar. 

A missão cumpriu o desafio lançado pelo presidente John F. Kennedy em 1961, de levar um homem à Lua e trazê-lo de volta em segurança antes do final da década

A Apollo 11 também marcou o fim da corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética, que competiam pela supremacia no espaço desde o início da era espacial.

2. Antecedentes e Preparativos

2.1 O contexto da corrida espacial

A corrida espacial foi um período de intensa rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética, que durou de 1957 a 1975

Os dois países buscavam demonstrar seu poderio tecnológico, militar e político através de feitos espaciais, como o lançamento de satélites, sondas, animais e humanos ao espaço. 

A União Soviética saiu na frente, ao lançar o primeiro satélite artificial, o Sputnik 1, em 1957, e ao colocar o primeiro homem em órbita, Yuri Gagarin, em 1961

Os Estados Unidos reagiram, criando a NASA em 1958 e iniciando o programa Mercury, que levou o primeiro americano ao espaço, Alan Shepard, em 1961

Em seguida, os dois países passaram a mirar o próximo grande objetivo: a Lua.

2.2 Objetivos específicos da Apollo 11

O programa Apollo foi o projeto americano para levar o homem à Lua. 

Ele começou em 1961 e teve 17 missões, sendo que seis delas pousaram na Lua. 

A Apollo 11 foi a quinta missão tripulada do programa e a primeira a realizar um pouso lunar. 

Os objetivos específicos da Apollo 11 eram:

  • Demonstrar um pouso lunar tripulado e uma decolagem da superfície lunar;
  • Coletar amostras de solo e rochas lunares e retorná-las à Terra;
  • Implantar experimentos científicos na superfície lunar, como um refletor laser e um sismômetro;
  • Explorar a região do Mar da Tranquilidade, onde o Módulo Lunar pousou;
  • Estabelecer contato de voz e televisão com a Terra a partir da Lua;
  • Testar o desempenho do Módulo Lunar e do Módulo de Comando e Serviço em diferentes fases da missão.

3. A Missão Apollo 11 em Detalhes

3.1 Fases iniciais e preparação

A Apollo 11 foi lançada em 16 de julho de 1969, às 13:32 UTC, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. 

A missão foi comandada por Neil Armstrong, um veterano da Marinha e do programa Gemini, que tinha 38 anos na época

O piloto do Módulo Lunar era Buzz Aldrin, um ex-piloto da Força Aérea e doutor em engenharia aeroespacial, que tinha 39 anos

O piloto do Módulo de Comando e Serviço era Michael Collins, um ex-piloto da Força Aérea e do programa Gemini, que tinha 38 anos.

A missão usou um foguete Saturno V, o mais poderoso já construído, que tinha 110 metros de altura e pesava cerca de 3 mil toneladas. 

O foguete era composto por três estágios, que se separavam conforme o combustível era consumido. 

O primeiro estágio impulsionou o foguete até uma altitude de 68 quilômetros, o segundo até uma altitude de 185 quilômetros, e o terceiro até uma órbita terrestre baixa de 190 quilômetros.

A nave espacial Apollo era formada por três partes principais: 

  • O Módulo de Comando, que era a cápsula onde os astronautas ficavam durante a maior parte da missão e que retornava à Terra; 
  • O Módulo de Serviço, que continha os sistemas de propulsão, energia, comunicação e suporte de vida; e
  • O Módulo Lunar, que era a nave que levava dois astronautas até a superfície lunar e de volta. 

O Módulo de Comando e o Módulo de Serviço eram conectados entre si, formando o Módulo de Comando e Serviço, enquanto o Módulo Lunar era acoplado ao terceiro estágio do foguete.

Após o lançamento, a missão passou por uma série de verificações e manobras, como a separação do terceiro estágio do foguete, a rotação da nave para acoplar o Módulo de Comando e Serviço ao Módulo Lunar, e a ejeção do terceiro estágio, que foi enviado em uma trajetória para orbitar o Sol.

3.2 Decolagem e trajetória até a Lua

A Apollo 11 permaneceu em órbita terrestre por cerca de duas horas e meia, completando uma volta e meia ao redor do planeta. 

Durante esse tempo, os astronautas verificaram os sistemas da nave e se prepararam para a ignição do motor do Módulo de Serviço, que os colocaria na rota para a Lua. 

Essa manobra, chamada de injeção translunar, ocorreu às 16:22 UTC, e durou cerca de cinco minutos, aumentando a velocidade da nave para mais de 10 mil metros por segundo.

A nave então entrou em uma trajetória elíptica, que a levaria até a esfera de influência da Lua, a uma distância de cerca de 60 mil quilômetros da superfície lunar. 

Durante essa fase, que durou cerca de três dias, os astronautas realizaram pequenas correções de curso, monitoraram os sistemas da nave, descansaram, se alimentaram e se comunicaram com o controle da missão na Terra. 

Eles também transmitiram pela televisão imagens da Terra e da nave, mostrando o interior do Módulo de Comando e o Módulo Lunar.

3.3 Viagem até a órbita lunar

A Apollo 11 chegou à esfera de influência da Lua em 19 de julho, às 17:21 UTC, e realizou uma manobra chamada de inserção orbital lunar, que consistiu em acionar o motor do Módulo de Serviço por cerca de seis minutos, reduzindo a velocidade da nave e fazendo-a entrar em uma órbita elíptica ao redor da Lua. 

A órbita inicial tinha um ponto mais alto de 314 quilômetros e um ponto mais baixo de 100 quilômetros. 

Após duas órbitas, os astronautas acionaram novamente o motor do Módulo de Serviço por cerca de 17 segundos, ajustando a órbita para um ponto mais alto de 122 quilômetros e um ponto mais baixo de 101 quilômetros.

Essa seria a órbita de onde o Módulo Lunar se separaria para iniciar a descida até a superfície lunar.

4. A Chegada à Lua

4.1 Descida do Módulo Lunar

Em 20 de julho, às 17:44 UTC, Armstrong e Aldrin entraram no Módulo Lunar, chamado de Eagle, e se separaram do Módulo de Comando e Serviço, chamado de Columbia, pilotado por Collins. 

O Módulo Lunar iniciou a descida para a Lua às 20:05 UTC, acionando o motor de descida por cerca de 30 segundos, para reduzir a velocidade e a altitude. 

O Módulo Lunar então girou para uma posição vertical, de modo que os astronautas pudessem ver a superfície lunar pela janela frontal. 

O computador de bordo do Módulo Lunar guiava a nave para uma área de pouso pré-selecionada, no Mar da Tranquilidade, uma região plana e relativamente livre de crateras.

No entanto, a descida não foi tão simples quanto planejado. 

Durante a aproximação final, o computador de bordo do Módulo Lunar começou a emitir alarmes, indicando que estava sobrecarregado com as tarefas de navegação e controle. 

Os engenheiros da Terra analisaram rapidamente os códigos dos alarmes e concluíram que eles não representavam uma ameaça para a missão, e instruíram os astronautas a prosseguirem com a descida. 

Além disso, Armstrong percebeu que o local de pouso previsto estava cheio de pedras e crateras, e decidiu assumir o controle manual da nave, buscando uma área mais adequada. 

Ele teve que voar sobre vários obstáculos, consumindo o precioso combustível do Módulo Lunar. 

A tensão aumentava tanto na nave quanto na Terra, à medida que o combustível se aproximava do limite crítico.

4.2 O primeiro passo de Neil Armstrong

Finalmente, às 20:17 UTC, o Módulo Lunar tocou a superfície da Lua, com apenas 25 segundos de combustível restantes. 

Armstrong comunicou ao controle da missão: “Houston, aqui Base da Tranquilidade. A Águia pousou”. 

O controle da missão respondeu com alívio e alegria: “Roger, Tranquilidade. Nós o copiamos no solo. Vocês têm um monte de caras prestes a ficarem azuis. Estamos respirando novamente. Muito obrigado”. 

Os astronautas então prepararam a nave para uma possível decolagem de emergência, caso algo desse errado. 

Eles também realizaram uma série de verificações e procedimentos, antes de receberem a autorização para sair da nave.

Às 22:56 UTC, Armstrong abriu a escotilha do Módulo Lunar e desceu pela escada até o pé da nave. 

Ele então pisou na superfície lunar, dizendo as famosas palavras: “Este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade”. 

Ele foi seguido por Aldrin, 19 minutos depois, que descreveu a paisagem lunar como “magnífica desolação”. 

Os dois astronautas plantaram a bandeira americana na Lua, em um gesto simbólico, e conversaram por telefone com o presidente Richard Nixon, que os parabenizou pela conquista histórica.

5. Atividades na Superfície Lunar

5.1 Exploração e coleta de amostras

Armstrong e Aldrin passaram cerca de duas horas e meia fora do Módulo Lunar, realizando diversas atividades na superfície lunar. 

Eles implantaram dois experimentos científicos: um refletor laser, que permitiria medir a distância entre a Terra e a Lua com alta precisão, e um sismômetro, que registraria as vibrações do solo lunar. 

Eles também coletaram cerca de 22 quilogramas de amostras de solo e rochas lunares, usando uma pá, uma pinça e um martelo. 

Eles guardaram as amostras em sacos especiais, que foram colocados em um recipiente metálico no Módulo Lunar. 

Eles também deixaram alguns objetos na Lua, como uma placa comemorativa, uma medalha em homenagem aos astronautas soviéticos que morreram em missões espaciais, e uma pequena escultura de um astronauta caído, representando todos os que perderam a vida na exploração espacial.

Os astronautas também aproveitaram para explorar a região ao redor do Módulo Lunar, caminhando e pulando com facilidade, graças à baixa gravidade da Lua, que é cerca de um sexto da gravidade da Terra. 

Eles tiraram várias fotos e filmaram sua experiência, usando câmeras fixadas em seus capacetes. 

Eles também receberam instruções e informações do controle da missão e de um cientista na Terra, que os orientava sobre os pontos de interesse geológico. 

Eles observaram as características da superfície lunar, como a cor, a textura, a temperatura e a presença de crateras e montanhas.

6. Retorno Triunfante à Terra

6.1 Ascensão do Módulo Lunar

Após completarem suas atividades na superfície lunar, os astronautas retornaram ao Módulo Lunar e fecharam a escotilha. 

Eles descansaram por algumas horas e se prepararam para a partida. 

Eles acionaram o motor de ascensão do Módulo Lunar às 17:54 UTC de 21 de julho, deixando o estágio inferior do Módulo Lunar na Lua, junto com a bandeira, os experimentos e os objetos que trouxeram. 

O Módulo Lunar subiu até uma altitude de 17 quilômetros, onde se encontrou com o Módulo de Comando e Serviço, pilotado por Collins, que havia orbitado a Lua sozinho por quase 28 horas. 

Os astronautas então transferiram as amostras lunares e seus equipamentos pessoais para o Módulo de Comando e Serviço, e se separaram do Módulo Lunar, que foi enviado em uma órbita instável ao redor da Lua, onde acabaria se chocando com a superfície.

6.2 Retorno e pouso na Terra

A Apollo 11 iniciou o retorno à Terra às 04:55 UTC de 22 de julho, acionando o motor do Módulo de Serviço por cerca de dois minutos e meio, para sair da órbita lunar e entrar em uma trajetória de reentrada na atmosfera terrestre. 

A viagem de volta durou cerca de três dias, durante os quais os astronautas realizaram mais algumas transmissões de televisão, mostrando as amostras lunares e compartilhando suas impressões sobre a missão. 

Eles também descartaram o Módulo de Serviço, que se desintegrou na atmosfera, ficando apenas com o Módulo de Comando, que era a única parte da nave que retornaria intacta à Terra.

O Módulo de Comando atingiu a atmosfera terrestre em 24 de julho, às 16:35 UTC, a uma velocidade de cerca de 11 mil metros por segundo. 

Ele sofreu um intenso aquecimento e uma perda temporária de comunicação, devido à formação de plasma ao redor da nave. 

Ele também teve que realizar uma manobra de giro, para alinhar o escudo térmico com a direção do voo. 

O Módulo de Comando então abriu três paraquedas, que reduziram sua velocidade e estabilizaram sua descida. 

Ele pousou suavemente no Oceano Pacífico, a cerca de 1500 quilômetros a sudoeste do Havaí, às 16:50 UTC. 

A nave foi rapidamente localizada e resgatada pelo porta-aviões USS Hornet, que estava à espera. 

Os astronautas foram recebidos com honras e celebrações, mas também foram colocados em quarentena, por precaução contra possíveis agentes infecciosos lunares. 

Eles permaneceram isolados por 21 dias, antes de serem liberados e aclamados como heróis nacionais e mundiais.

7. Legado e Impacto

7.1 Influência na exploração espacial

A missão Apollo 11 foi um marco na história da exploração espacial, que inspirou e motivou outras missões e projetos. 

Após a Apollo 11, outras cinco missões Apollo pousaram na Lua, levando mais 10 astronautas americanos a caminhar na superfície lunar, até 1972. 

As missões Apollo também realizaram experimentos científicos mais avançados, como a implantação de um pacote de instrumentos lunares, a condução de um veículo lunar e a coleta de mais de 380 quilogramas de amostras lunares. 

As missões Apollo contribuíram para o avanço do conhecimento sobre a origem, a estrutura, a geologia e a evolução da Lua, bem como sobre os efeitos da radiação e da microgravidade no corpo humano.

A missão Apollo 11 também abriu caminho para outras iniciativas de exploração espacial, tanto tripuladas quanto não tripuladas. 

Entre elas, destacam-se:

  • O programa Skylab, a primeira estação espacial americana, que operou entre 1973 e 1974
  • O programa Apollo-Soyuz, o primeiro encontro espacial entre americanos e soviéticos, que ocorreu em 1975; 
  • O programa do ônibus espacial, que realizou mais de 130 missões entre 1981 e 2011, incluindo o lançamento e a manutenção do telescópio espacial Hubble e a construção da Estação Espacial Internacional; 
  • O programa Voyager, que enviou duas sondas para explorar os planetas externos do Sistema Solar e além; 
  • O programa Mars, que enviou várias sondas, orbitadores, rovers e helicópteros para estudar o planeta vermelho; e
  • O programa Artemis, que pretende levar a primeira mulher e o próximo homem à Lua na década de 2020.

7.2 Impacto cultural e científico

A missão Apollo 11 teve um profundo impacto na cultura e na ciência, tanto na época quanto nas gerações posteriores. 

A missão foi amplamente acompanhada e celebrada pelo público, que assistiu às transmissões ao vivo pela televisão e pelo rádio, e que se emocionou com as imagens e as palavras dos astronautas. 

A missão também inspirou diversas obras de arte, literatura, cinema, música e educação, que retrataram ou homenagearam a conquista lunar. 

A missão também estimulou o interesse e a curiosidade pela ciência e pela tecnologia, especialmente entre os jovens, que sonhavam em seguir carreiras espaciais ou em outras áreas relacionadas. 

A missão também contribuiu para o desenvolvimento e a inovação de vários produtos e serviços, que tiveram origem ou foram aprimorados a partir das pesquisas e dos desafios da exploração espacial, como os computadores, os celulares, os satélites, os GPS, os materiais, os medicamentos e os alimentos.

8. Conclusão

A missão Apollo 11 não foi o fim, mas o começo de uma nova era de exploração espacial, que continua até hoje e que promete ir ainda mais longe. 

A missão abriu as portas para novas missões e projetos, que ampliaram o conhecimento e a presença humana no espaço, e que buscaram novos desafios e descobertas. 

A missão também deixou um legado de inspiração e motivação para as gerações futuras, que podem seguir os passos dos pioneiros lunares e se aventurar em novas fronteiras. 

A missão também nos fez ver a Terra de uma nova perspectiva, como um pequeno e frágil planeta, que precisa ser cuidado e protegido. 

A missão Apollo 11 foi, sem dúvida, “um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade.

Referências