Apollo 7: Testes Cruciais na Preparação para a Lua

1. Introdução

Apollo 7 foi a primeira missão tripulada do programa Apollo, que tinha como objetivo levar o homem à Lua. A missão foi lançada em 11 de outubro de 1968, e durou 10 dias, 20 horas e 9 minutos. Foi a primeira vez que um foguete Saturno IB foi usado para levar uma tripulação ao espaço, e também a primeira vez que um Módulo de Comando e Serviço (CSM) foi testado em órbita terrestre.

Os objetivos da missão Apollo 7 eram testar o desempenho, a estabilidade e o controle do CSM, bem como os sistemas de comunicação, navegação, propulsão e acoplamento. A missão também tinha como objetivo avaliar a capacidade da tripulação de operar o CSM em condições de voo espacial, e realizar experimentos científicos em órbita. A missão era considerada essencial para o sucesso das missões lunares posteriores, pois era a primeira vez que o veículo que levaria o homem à Lua seria testado com uma tripulação a bordo.

2. Preparativos e Lançamento

2.1 Estágios finais de preparação

A missão Apollo 7 foi planejada originalmente para ser a segunda missão tripulada do programa Apollo, depois da Apollo 1. No entanto, após o trágico incêndio que matou os três astronautas da Apollo 1 em janeiro de 1967, a missão foi redesignada como Apollo 7, e passou por várias modificações e atrasos. A tripulação da Apollo 7 era composta por Walter Schirra, como comandante, Donn Eisele, como piloto do módulo de comando, e Walter Cunningham, como piloto do módulo de serviço. Eles foram escolhidos em dezembro de 1966, e passaram por um intenso treinamento para se preparar para a missão. Eles também participaram do projeto e da revisão do CSM, que foi redesenhado para aumentar a segurança e a confiabilidade.

2.2 Decolagem e fases iniciais

A missão Apollo 7 foi lançada às 11:02:45 da manhã (horário de Brasília) do dia 11 de outubro de 1968, do Complexo de Lançamento 34, na Estação da Força Aérea de Cabo Kennedy, na Flórida. O lançamento foi bem-sucedido, e o foguete Saturno IB colocou o CSM em uma órbita terrestre baixa, a cerca de 230 km de altitude. Após a separação do foguete, a tripulação realizou uma série de manobras para testar o controle e a propulsão do CSM. Eles também acionaram o sistema de acoplamento, que seria usado para conectar o CSM ao Módulo Lunar nas missões lunares. A tripulação também verificou os sistemas de comunicação, navegação, orientação, controle ambiental, energia e suporte de vida do CSM.

3. Testes Cruciais em Órbita Terrestre

3.1 Avaliação do Módulo de Comando

Um dos principais objetivos da missão Apollo 7 era avaliar o desempenho do Módulo de Comando, que era a parte do CSM onde a tripulação ficava alojada. O Módulo de Comando tinha um formato cônico, e media cerca de 3,9 m de altura e 3,9 m de diâmetro na base. Ele tinha três janelas, uma escotilha, um sistema de escape de emergência, um escudo térmico, um sistema de reentrada e um conjunto de paraquedas. O Módulo de Comando também tinha um painel de instrumentos, um sistema de controle de atitude, um computador de bordo, um sistema de comunicação e um sistema de suporte de vida. A tripulação realizou vários testes e verificações no Módulo de Comando, e relatou que ele funcionou de forma satisfatória, com apenas alguns problemas menores.

3.2 Sistemas e Componentes Críticos

Outro objetivo da missão Apollo 7 era testar os sistemas e componentes críticos para as missões lunares, como o sistema de propulsão, o sistema de orientação, o sistema de navegação e o sistema de controle ambiental. O sistema de propulsão era composto por um motor principal, chamado de Motor de Serviço, que era capaz de gerar uma força de 9.100 kgf, e 16 motores de controle de reação, que eram usados para ajustar a atitude e a trajetória do CSM. O sistema de orientação era composto por um conjunto de sensores, como giroscópios, acelerômetros e estrelas-guia, que forneciam informações sobre a posição e a velocidade do CSM. O sistema de navegação era composto por um computador de bordo, que processava os dados dos sensores e calculava as manobras necessárias. O sistema de controle ambiental era composto por um conjunto de dispositivos, como ventiladores, filtros, aquecedores, resfriadores e umidificadores, que mantinham as condições adequadas de temperatura, pressão, umidade e qualidade do ar no interior do CSM. A tripulação realizou vários testes nesses sistemas e componentes, e reportou que eles funcionaram de forma eficiente, com apenas algumas falhas isoladas.

4. Atividades em Órbita Terrestre

4.1 Órbitas e Manobras

A missão Apollo 7 realizou um total de 163 órbitas ao redor da Terra, cobrindo uma distância de cerca de 7,2 milhões de km. A altitude média da órbita foi de 227 km, e a velocidade média foi de 28.000 km/h. A duração de cada órbita foi de cerca de 90 minutos, sendo que metade desse tempo era de dia e metade de noite. A tripulação realizou várias manobras com o CSM, usando o sistema de propulsão e o sistema de controle de atitude. Eles também realizaram uma simulação de acoplamento com o estágio S-IVB do foguete Saturno IB, que foi deixado em órbita após o lançamento. A simulação consistiu em aproximar o CSM do estágio S-IVB, sem chegar a tocar nele, e depois se afastar dele. Essa manobra foi importante para testar a capacidade da tripulação de manobrar o CSM em relação a outro veículo espacial.

4.2 Experimentos Científicos

A missão Apollo 7 também realizou vários experimentos científicos em órbita terrestre, abrangendo diversas áreas, como astronomia, biologia, geologia, meteorologia e fotografia. Alguns dos experimentos foram:

  • Observação de Cometas: A tripulação observou e fotografou dois cometas, o Encke e o Ikeya-Seki, que estavam visíveis no céu durante a missão. Eles também registraram as posições e os brilhos dos cometas, e compararam com as previsões feitas na Terra.
  • Medição de Radiação Cósmica: A tripulação mediu a intensidade e a distribuição da radiação cósmica no interior do CSM, usando detectores especiais. Eles também avaliaram os efeitos da radiação cósmica na saúde e no desempenho da tripulação, e nas operações do CSM.
  • Estudo de Cristais: A tripulação realizou um experimento para estudar o crescimento de cristais em microgravidade, usando uma câmara de difusão térmica. Eles misturaram duas soluções químicas, e observaram a formação de cristais sob diferentes condições de temperatura e agitação.
  • Fotografia da Terra: A tripulação fotografou vários pontos de interesse da superfície da Terra, como desertos, montanhas, oceanos, ilhas, cidades, vulcões, geleiras e nuvens. Eles também fotografaram fenômenos atmosféricos, como auroras, relâmpagos e arco-íris. As fotografias foram usadas para estudos geológicos, meteorológicos, ecológicos e cartográficos.
  • Observação de Meteoros: A tripulação observou e registrou a ocorrência de meteoros na atmosfera terrestre, usando câmeras especiais. Eles também mediram a luminosidade e a velocidade dos meteoros, e estimaram a sua origem e composição.

5. Comunicação e Transmissão

5.1 Testes de comunicação

Um dos aspectos mais importantes da missão Apollo 7 era testar os sistemas de comunicação entre o CSM, o Controle da Missão na Terra, e as estações de rastreamento espalhadas pelo mundo. A missão usou vários tipos de comunicação, como rádio, telemetria, televisão e telefone. A tripulação testou a qualidade, a confiabilidade e a segurança das comunicações, e reportou eventuais problemas ou interferências. A missão também testou a capacidade da tripulação de se comunicar com outros veículos espaciais, como satélites e sondas.

5.2 Transmissão ao vivo

Um dos destaques da missão Apollo 7 foi a transmissão ao vivo de imagens e sons da tripulação no espaço, para o público na Terra. A missão realizou um total de seis transmissões ao vivo, que duraram entre 10 e 20 minutos cada. As transmissões mostraram a rotina, as atividades, as impressões e as emoções da tripulação no espaço, e também permitiram que eles interagissem com o Controle da Missão, com a imprensa e com as suas famílias. As transmissões foram um sucesso de audiência e de crítica, e foram consideradas um marco na história da televisão.

6. Impacto nos Programas Subsequentes

6.1 Contribuições para o Programa Apollo

A missão Apollo 7 foi fundamental para o sucesso das missões lunares posteriores, pois forneceu dados e informações valiosas sobre o desempenho do CSM e da tripulação em condições de voo espacial. A missão também demonstrou a capacidade da NASA de realizar missões espaciais tripuladas de longa duração, e de resolver problemas e imprevistos que surgissem durante a missão. A missão também serviu de base para o planejamento e a execução das manobras de acoplamento, de inserção lunar, de reentrada e de recuperação, que seriam usadas nas missões seguintes. A missão também aumentou a confiança e a motivação da NASA e do público para o cumprimento do objetivo de levar o homem à Lua.

6.2 Avanços Tecnológicos

A missão Apollo 7 também resultou em avanços tecnológicos que beneficiaram não só o programa espacial, mas também a sociedade em geral. A missão estimulou o desenvolvimento de tecnologias nas áreas de comunicação, navegação, propulsão, controle ambiental, computação, fotografia, e medicina espacial. A missão também gerou um grande volume de dados e imagens científicas, que foram usados para aprimorar o conhecimento sobre a Terra, o espaço e a vida humana.

7. Legado e Significado Histórico

7.1 Importância na preparação para a Lua

A missão Apollo 7 foi uma das mais importantes da história da exploração espacial, pois foi a primeira missão tripulada do programa Apollo, que tinha como meta levar o homem à Lua. A missão foi um teste crucial para o CSM, que era o veículo que levaria o homem à Lua, e para a tripulação, que seria responsável por operar o CSM em órbita. A missão também foi um teste para a NASA, que tinha que coordenar e monitorar uma missão espacial tripulada de longa duração, e para o público, que tinha que acompanhar e apoiar uma missão espacial tripulada de alto risco. A missão foi um sucesso, e provou que o programa Apollo estava no caminho certo para alcançar o seu objetivo.

7.2 Reconhecimento da tripulação

A missão Apollo 7 também foi uma das mais significativas para a tripulação, que foi composta por Walter Schirra, Donn Eisele e Walter Cunningham. Eles foram os primeiros astronautas a voar no CSM, e os primeiros a realizar uma missão espacial tripulada após o incêndio da Apollo 1. Eles foram os primeiros a transmitir ao vivo imagens e sons do espaço, e os primeiros a receber a Medalha de Serviço Excepcional da NASA. Eles também foram os primeiros a entrar em conflito com o Controle da Missão, por causa de divergências sobre o plano de voo, as condições de saúde e as ordens recebidas. Eles foram os primeiros a desafiar a autoridade da NASA, e os primeiros a não serem escalados para outras missões espaciais.

8. Conclusão

8.1 Recapitulação dos testes e contribuições

A missão Apollo 7 foi a primeira missão tripulada do programa Apollo, que tinha como objetivo levar o homem à Lua. A missão foi lançada em 11 de outubro de 1968, e durou 10 dias, 20 horas e 9 minutos. A missão testou o desempenho, a estabilidade e o controle do CSM, bem como os sistemas de comunicação, navegação, propulsão e acoplamento. A missão também avaliou a capacidade da tripulação de operar o CSM em condições de voo espacial, e realizou experimentos científicos em órbita. A missão foi um sucesso, e forneceu dados e informações valiosas para as missões lunares posteriores. A missão também resultou em avanços tecnológicos que beneficiaram a sociedade em geral.

8.2 Mensagens e lições aprendidas

A missão Apollo 7 também deixou mensagens e lições aprendidas para as gerações futuras de exploradores espaciais. A missão mostrou que é possível superar os desafios e os riscos de uma missão espacial tripulada, e que é possível realizar feitos extraordinários no espaço. A missão também mostrou que é preciso ter coragem, determinação e cooperação para realizar uma missão espacial tripulada, e que é preciso respeitar a autonomia e a dignidade da tripulação. A missão também mostrou que é preciso ter paixão, curiosidade e criatividade para realizar experimentos científicos no espaço, e que é preciso ter humildade, gratidão e admiração pela Terra e pelo espaço.