O Ônibus Espacial Discovery: O Papel Crucial na Construção da Estação Espacial

1. Introdução

O Ônibus Espacial Discovery foi um dos cinco ônibus espaciais que fizeram parte do programa espacial da NASA, que durou de 1981 a 2011. O Discovery foi o terceiro a ser construído e o que mais realizou missões, totalizando 39. O seu nome foi inspirado em vários navios de exploração que levaram o mesmo nome, como o HMS Discovery de James Cook e o RRS Discovery de Robert Falcon Scott. O Discovery teve um papel fundamental na exploração espacial, lançando satélites, sondas, telescópios e módulos para a Estação Espacial Internacional (ISS). O Ônibus Espacial Discovery também foi o responsável por levar ao espaço o astronauta John Glenn, o primeiro americano a orbitar a Terra, em 1998, quando ele tinha 77 anos.

2. Desenvolvimento e Construção

2.1 Histórico do Ônibus Espacial Discovery

O Ônibus Espacial Discovery foi encomendado pela NASA em 1979, como parte do programa de ônibus espaciais, que tinha como objetivo desenvolver naves espaciais reutilizáveis e de baixo custo. O Discovery foi construído pela empresa Rockwell International, baseado no design dos dois primeiros ônibus espaciais, o Columbia e o Challenger. O Discovery foi o primeiro a ter asas mais finas e tanques de combustível mais leves, o que aumentava a sua capacidade de carga. O Ônibus Espacial Discovery fez o seu primeiro voo em 1984, na missão STS-41-D, que colocou em órbita três satélites de comunicação.

2.2 Tecnologia e Inovações

O Ônibus Espacial Discovery foi equipado com diversas tecnologias e inovações que o tornaram uma nave espacial versátil e eficiente. Entre elas, destacam-se:

  • O sistema de proteção térmica, composto por mais de 24 mil ladrilhos de cerâmica e fibra de carbono, que protegiam a nave do calor gerado pela reentrada na atmosfera.
  • O braço robótico, chamado de Canadarm, que era usado para manipular cargas, satélites e astronautas no espaço.
  • O compartimento de carga, que media 18 metros de comprimento e 4,6 metros de diâmetro, e podia transportar até 28 toneladas de equipamentos e experimentos.
  • O sistema de propulsão orbital, que consistia em dois motores que forneciam a manobra e o controle de altitude da nave em órbita.
  • O sistema de acoplamento orbital, que permitia a conexão da nave com outras estruturas espaciais, como a Mir e a ISS.

3. Missões e Realizações

3.1 Destaques das Missões

O Ônibus Espacial Discovery realizou 39 missões espaciais, sendo a última em 2011, na STS-133. Entre as missões mais notáveis, podemos citar:

  • A STS-31, em 1990, que lançou o Telescópio Espacial Hubble, o maior e mais famoso observatório espacial, que revolucionou a astronomia e a cosmologia.
  • A STS-41, em 1990, que lançou a sonda Ulysses, que explorou os polos do Sol e o ambiente interplanetário.
  • A STS-60, em 1994, que levou o primeiro cosmonauta russo a bordo de um ônibus espacial, Sergei Krikalev, marcando o início da cooperação entre os dois países no espaço.
  • A STS-95, em 1998, que levou o astronauta John Glenn, o primeiro americano a orbitar a Terra, em 1962, de volta ao espaço, aos 77 anos de idade, para estudar os efeitos do envelhecimento no organismo humano.
  • A STS-92, em 2000, que instalou o primeiro módulo estrutural da ISS, o Z1, e o primeiro acoplador pressurizado, o PMA-3, preparando a estação para receber os primeiros ocupantes permanentes.
  • A STS-114, em 2005, que foi a primeira missão após o acidente do Columbia, em 2003, e que testou novos procedimentos de segurança e inspeção da nave.
  • A STS-116, em 2006, que instalou o segundo segmento do painel solar da ISS, o P6, e reconfigurou o sistema elétrico da estação.
  • A STS-119, em 2009, que instalou o último segmento do painel solar da ISS, o S6, completando a estrutura da estação.
  • A STS-131, em 2010, que levou a primeira mulher japonesa ao espaço, Naoko Yamazaki, e transportou mais de sete toneladas de suprimentos e experimentos para a ISS.
  • A STS-133, em 2011, que levou o primeiro robô humanoide ao espaço, o Robonaut 2, e entregou o módulo de armazenamento permanente Leonardo, que foi acoplado à ISS.

3.2 Contribuições Científicas

O Ônibus Espacial Discovery contribuiu para o avanço da ciência e da tecnologia em diversas áreas, como a astronomia, a astrofísica, a biologia, a medicina, a geologia, a meteorologia, a física e a química. Entre as contribuições científicas, podemos destacar:

  • O lançamento e a manutenção do Telescópio Espacial Hubble, que permitiu observar o universo com uma resolução e uma profundidade sem precedentes, revelando fenômenos como as galáxias, as nebulosas, os buracos negros, as supernovas, os exoplanetas e a energia escura.
  • O lançamento da sonda Ulysses, que realizou a primeira exploração dos polos do Sol e do ambiente interplanetário, medindo o campo magnético, o vento solar, as partículas energéticas e as ondas de choque.
  • O transporte de diversos experimentos científicos para a ISS, que aproveitaram as condições de microgravidade e de exposição ao espaço para estudar fenômenos como o crescimento de cristais, a combustão, a fusão, a fluidez, a biotecnologia, a genética, a fisiologia, a psicologia e a educação.
  • O retorno de amostras de rochas lunares, de meteoritos e de poeira cósmica, que foram coletadas pelas missões Apollo, pela sonda Stardust e pelo módulo japonês Kibo, respectivamente, e que foram analisadas na Terra para entender a origem e a evolução do sistema solar e da vida.
  • O teste de novas tecnologias e materiais para a navegação, a comunicação, a propulsão, a proteção, a robótica, a energia e a reciclagem, que foram essenciais para o desenvolvimento e a operação dos ônibus espaciais e da ISS, e que podem ser aplicados em futuras missões espaciais e em benefício da sociedade.

4. Manutenção e Atualizações

4.1 Revisões e Melhorias

O Ônibus Espacial Discovery passou por diversas revisões e melhorias ao longo de sua vida útil, visando aumentar a sua segurança, a sua performance e a sua versatilidade. Entre as principais revisões e melhorias, podemos citar:

  • A troca dos motores principais, que foram substituídos por versões mais potentes e eficientes, aumentando a capacidade de carga da nave.
  • A instalação do sistema de manobra orbital melhorado, que aumentou a precisão e a autonomia da nave em órbita, permitindo manobras mais complexas e economizando combustível.
  • A instalação do sistema de acoplamento orbital avançado, que permitiu a conexão da nave com a ISS de forma mais rápida e segura, reduzindo o risco de danos e vazamentos.
  • A instalação do sistema de inspeção orbital, que consistia em um conjunto de sensores e câmeras que eram usados para verificar o estado da nave após o lançamento e antes da reentrada, detectando possíveis danos na proteção térmica ou nos sistemas vitais.
  • A instalação do sistema de reparo orbital, que consistia em um kit de ferramentas e materiais que eram usados para consertar eventuais danos na proteção térmica ou nos sistemas vitais, caso fossem detectados pelo sistema de inspeção.

4.2 Longevidade e Confiança

O Ônibus Espacial Discovery foi o ônibus espacial que mais realizou missões, com um total de 39. Isso demonstra a sua longevidade e confiança como uma nave espacial reutilizável. O Discovery também foi o primeiro a retornar ao espaço após os acidentes do Challenger e do Columbia, mostrando a sua resiliência e a sua capacidade de se adaptar às novas exigências de segurança. O Ônibus Espacial Discovery foi considerado um dos mais confiáveis e versáteis ônibus espaciais, sendo capaz de realizar missões de diferentes tipos e objetivos.

5. Momentos Memoráveis

5.1 Lançamentos e Retornos Marcantes

O Ônibus Espacial Discovery protagonizou alguns dos momentos mais marcantes da história dos ônibus espaciais, tanto nos seus lançamentos quanto nos seus retornos. Entre eles, podemos citar:

  • O seu primeiro lançamento, na STS-41-D, em 1984, que foi adiado por seis vezes devido a problemas técnicos e climáticos, mas que foi um sucesso e inaugurou a era do Discovery.
  • O seu retorno à Terra, na STS-26, em 1988, que foi a primeira missão após o desastre do Challenger, e que representou a retomada do programa de ônibus espaciais, com novas medidas de segurança e confiabilidade.
  • O seu lançamento, na STS-95, em 1998, que levou ao espaço o astronauta John Glenn, o primeiro americano a orbitar a Terra, em 1962, e que aos 77 anos se tornou a pessoa mais velha a ir ao espaço, para participar de experimentos sobre o envelhecimento.
  • O seu retorno à Terra, na STS-114, em 2005, que foi a primeira missão após o acidente do Columbia, e que testou novos procedimentos de inspeção e reparo da nave, além de homenagear os astronautas falecidos.
  • O seu último lançamento, na STS-133, em 2011, que foi a última missão do Discovery e a penúltima do programa de ônibus espaciais, e que levou ao espaço o robô humanoide Robonaut 2, além de um módulo de armazenamento para a ISS.
  • O seu último retorno à Terra, na STS-133, em 2011, que marcou o fim da carreira do Discovery, após 27 anos de serviço e 39 missões, sendo recebido com honras e emoção pela NASA e pelo público.

5.2 Contribuições à Estação Espacial Internacional (ISS)

O Ônibus Espacial Discovery foi o ônibus espacial que mais contribuiu para a construção e o abastecimento da Estação Espacial Internacional (ISS), tendo acoplado à ela 13 vezes. O Discovery foi responsável por levar e instalar diversos componentes e módulos da ISS, como o Z1, o PMA-3, o P6, o S6 e o Leonardo. O Discovery também transportou diversos suprimentos, experimentos, equipamentos e tripulantes para a ISS, além de realizar manutenções e reparos na estação. O Discovery foi fundamental para o desenvolvimento e a operação da ISS, que é o maior e mais complexo projeto espacial já realizado.

6. Aposentadoria e Legado

6.1 Últimos Voos e Despedida

O Ônibus Espacial Discovery realizou o seu último voo espacial em 2011, na missão STS-133, que foi a 39ª e última missão do Discovery e a penúltima do programa de ônibus espaciais. O Discovery partiu do Centro Espacial Kennedy em 24 de fevereiro de 2011, com seis astronautas a bordo, e acoplou à ISS em 26 de fevereiro. Durante os oito dias em que permaneceu na estação, o Discovery entregou o módulo de armazenamento permanente Leonardo, que foi acoplado à ISS, e o robô humanoide Robonaut 2, que foi ativado e testado na estação. O Discovery também transportou mais de sete toneladas de suprimentos e experimentos para a ISS, além de realizar duas caminhadas espaciais para realizar manutenções e reparos na estação. O Discovery se desacoplou da ISS em 7 de março e retornou à Terra em 9 de março, pousando no Centro Espacial Kennedy, após 13 dias, 2 horas, 27 minutos e 34 segundos de missão.

Após o seu último voo, o Discovery passou por um processo de descontaminação e preparação para a sua aposentadoria. O Discovery foi transferido para o Centro Espacial Kennedy, onde foi submetido a uma inspeção e limpeza, além de ter os seus motores e sistemas removidos e substituídos por réplicas. O Discovery também recebeu um escudo protetor para preservar a sua proteção térmica. Em 17 de abril de 2012, o Discovery foi transportado em cima de um Boeing 747 modificado, chamado de Shuttle Carrier Aircraft, para o Aeroporto Internacional de Washington-Dulles, onde foi recebido com festa e admiração pelo público e pelas autoridades. Em 19 de abril de 2012, o Discovery foi oficialmente entregue ao Centro Steven F. Udvar-Hazy, que faz parte do Museu Nacional do Ar e do Espaço, em Chantilly, Virgínia, onde está em exposição permanente para o público.

6.2 Legado Duradouro

O Ônibus Espacial Discovery deixou um legado duradouro na história da exploração espacial, sendo o ônibus espacial que mais realizou missões, que mais transportou astronautas, que mais contribuiu para a construção da ISS, que lançou o Telescópio Hubble, que levou o primeiro cosmonauta russo e a primeira mulher japonesa ao espaço, que levou o astronauta mais velho ao espaço, que retornou ao espaço após os acidentes do Challenger e do Columbia, e que protagonizou momentos memoráveis e emocionantes. O Discovery também contribuiu para o avanço da ciência e da tecnologia em diversas áreas, como a astronomia, a astrofísica, a biologia, a medicina, a geologia, a meteorologia, a física e a química. O Discovery foi uma nave espacial versátil, eficiente, confiável e resiliente, que cumpriu com excelência as suas missões e que inspirou gerações de exploradores e sonhadores.

7. Conclusão

7.1 Recapitulação das Conquistas

O Ônibus Espacial Discovery foi um dos cinco ônibus espaciais que fizeram parte do programa espacial da NASA, que durou de 1981 a 2011. O Discovery foi o terceiro a ser construído e o que mais realizou missões, totalizando 39. O seu nome foi inspirado em vários navios de exploração que levaram o mesmo nome, como o HMS Discovery de James Cook e o RRS Discovery de Robert Falcon Scott. O Discovery teve um papel fundamental na exploração espacial, lançando satélites, sondas, telescópios e módulos para a Estação Espacial Internacional (ISS). O Discovery também foi o responsável por levar ao espaço o astronauta John Glenn, o primeiro americano a orbitar a Terra, em 1962, de volta ao espaço, aos 77 anos de idade, para estudar os efeitos do envelhecimento no organismo humano.

7.2 Impacto na Exploração Espacial Futura

O Ônibus Espacial Discovery influenciou a exploração espacial futura, ao demonstrar as possibilidades e os benefícios de se ter naves espaciais reutilizáveis e de se construir e operar uma estação espacial permanente. O Discovery também serviu de modelo e de inspiração para o desenvolvimento de novas tecnologias e de novas missões espaciais, tanto tripuladas quanto não tripuladas, que visam ampliar o conhecimento e a presença humana no espaço. O Discovery foi um símbolo de descoberta, de inovação, de cooperação e de superação, que marcou a história da exploração espacial e que continuará a inspirar as gerações futuras.