Apollo 17: O Último Capítulo Memorável do Programa Lunar

1. Introdução

1.1 Contextualização sobre o Programa Apollo

O Programa Apollo foi um projeto ambicioso da agência espacial americana, a NASA, que tinha como objetivo levar o homem à Lua e explorar o seu solo. 

Lançado em 1961 pelo presidente John F. Kennedy, o programa foi uma resposta à corrida espacial com a União Soviética, que havia lançado o primeiro satélite artificial, o Sputnik, em 1957, e o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin, em 1961.

O programa Apollo realizou 17 missões entre 1966 e 1972, sendo que seis delas levaram astronautas à superfície lunar. 

As missões Apollo trouxeram importantes avanços científicos e tecnológicos, além de marcar a história da humanidade com imagens e frases memoráveis. 

A primeira missão tripulada à Lua foi a Apollo 11, em 1969, na qual Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisaram no solo lunar, enquanto Michael Collins orbitava no módulo de comando. Armstrong proferiu a famosa frase: “Este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade”.

As missões seguintes foram aprimorando as capacidades e os objetivos dos astronautas na Lua, incluindo a utilização de um veículo lunar, o LRV, a partir da Apollo 15, que permitia explorar áreas mais distantes do local de pouso. 

A última missão tripulada à Lua foi a Apollo 17, em 1972, que encerrou o programa com um grande legado científico e cultural.

2. Antecedentes de Apollo 17

2.1 Breve retrospectiva das missões Apollo anteriores

A Apollo 17 foi a décima primeira e última missão do programa Apollo, e a sexta e mais recente vez que humanos pisaram na Lua ou viajaram além da órbita baixa da Terra. 

A missão foi precedida por outras dez missões tripuladas, sendo que quatro delas não chegaram à Lua, por motivos diversos.

A Apollo 7, em 1968, foi a primeira missão tripulada do programa, e testou o módulo de comando e serviço, o CSM, em órbita terrestre. 

A Apollo 8, no mesmo ano, foi a primeira missão a levar humanos à órbita lunar, e a primeira a transmitir imagens da Terra vista da Lua. 

A Apollo 9, em 1969, testou o módulo lunar, o LM, em órbita terrestre, acoplando e desacoplando do CSM. A Apollo 10, também em 1969, foi um ensaio geral para a alunissagem, levando o LM até a órbita lunar, mas sem pousar.

A Apollo 11, em 1969, foi a primeira missão a levar humanos à superfície lunar, realizando o histórico pouso na região do Mar da Tranquilidade. 

A Apollo 12, no mesmo ano, pousou na região do Oceano das Tempestades, e realizou o primeiro encontro com uma sonda não tripulada na Lua, a Surveyor 3. 

A Apollo 13, em 1970, foi a única missão que não conseguiu pousar na Lua, devido a uma explosão no tanque de oxigênio do CSM, que obrigou os astronautas a abortar a missão e retornar à Terra usando o LM como bote salva-vidas.

A Apollo 14, em 1971, pousou na região das Fra Mauro, e realizou o primeiro jogo de golfe na Lua, pelo astronauta Alan Shepard. 

A Apollo 15, também em 1971, foi a primeira missão do tipo J, que incluía três dias na superfície lunar, maior capacidade científica, e o uso do LRV. A missão pousou na região do Palus Putredinis, e explorou a formação geológica do Rima Hadley. 

A Apollo 16, em 1972, foi a segunda missão do tipo J, e pousou na região das Terras Altas Descartes, coletando amostras de rochas antigas.

3. Apollo 17: Tripulação e Preparativos

3.1 Tripulação

A missão foi comandada por Eugene A. Cernan, que entrou para a história como o último ser humano a caminhar na Lua. Nascido em 1934, Cernan serviu como piloto de teste antes de ser selecionado como astronauta pela NASA. Além de sua realização marcante na Apollo 17, ele também participou das missões Gemini 9A e Apollo 10. Após deixar a NASA, Cernan permaneceu ativo em atividades relacionadas ao espaço até sua morte em 2017. 

O piloto do módulo de comando foi Ronald E. Evans. Ele nasceu em 1933 e desempenhou um papel crucial na missão Apollo 17. Ele permaneceu no módulo de comando em órbita lunar enquanto Cernan e Schmitt exploravam a superfície. Evans também participou da missão Apollo 14 como piloto do módulo de comando. Após sua carreira na NASA, Evans continuou a contribuir para o campo da aviação e engenharia. 

O piloto do módulo lunar foi Harrison H. Schmitt, conhecido como Jack, e o único geólogo profissional a caminhar na Lua. Nascido em 1935, Schmitt trouxe uma perspectiva única para a missão, trazendo seu conhecimento geológico para a coleta de amostras lunares. Além de sua carreira como astronauta, Schmitt também teve uma carreira política, servindo como senador dos Estados Unidos. 

3.2 Preparativos finais e lançamento

A Apollo 17 foi lançada às 00:33 do dia 7 de dezembro de 1972, horário da costa leste dos Estados Unidos, após o único atraso na plataforma de lançamento de todo o programa Apollo, causado por um problema de hardware. 

A missão teve um forte enfoque científico, e incluiu vários experimentos novos, como um experimento biológico contendo cinco camundongos, que foi levado no módulo de comando.

Os planejadores da missão tinham dois objetivos principais ao decidir o local de pouso: coletar amostras de rochas lunares mais antigas do que as da região do Mar Imbrium, e investigar a possibilidade de atividade vulcânica recente. 

Eles escolheram o vale de Taurus-Littrow, onde formações que haviam sido vistas e fotografadas da órbita eram consideradas de origem vulcânica.

Como os três membros da tripulação haviam sido a equipe reserva da missão anterior, a Apollo 16, eles já estavam familiarizados com a espaçonave Apollo, e tiveram mais tempo para treinar geologia.

4. Objetivos Científicos e Descobertas

4.1 Objetivos específicos da Apollo 17

A Apollo 17 foi a última e mais longa missão lunar, com 12 dias e 14 horas de duração. A missão tinha como objetivos científicos específicos:

  • Coletar amostras de rochas lunares de diferentes idades e composições, incluindo rochas vulcânicas e de impacto, e rochas das terras altas e dos mares lunares.
  • Realizar experimentos geofísicos, como medições de temperatura, sismologia, gravidade, magnetismo, e vento solar.
  • Realizar experimentos biológicos, como estudar os efeitos da radiação cósmica e do ambiente lunar em organismos vivos, como os camundongos e as bactérias.
  • Realizar experimentos astronômicos, como observar o céu e a Terra da órbita e da superfície lunar, usando câmeras, espectrômetros, e telescópios.
  • Realizar experimentos ambientais, como monitorar a atmosfera, o plasma, e a poeira lunar.

4.2 Descobertas notáveis

A Apollo 17 trouxe várias descobertas científicas importantes, tanto da órbita quanto da superfície lunar. Algumas das mais notáveis foram:

  • A descoberta de solo laranja na cratera Shorty, que provou ser de origem vulcânica, embora de uma época muito antiga da história lunar. O solo laranja era composto por pequenas esferas de vidro, formadas pela solidificação rápida de lava expelida por erupções vulcânicas.
  • A coleta da rocha mais antiga já encontrada na Lua, chamada de Troctolite 76535, que tinha cerca de 4,2 bilhões de anos, e que era composta por minerais raros, como plagioclásio e olivina.
  • A coleta da maior rocha já trazida da Lua, chamada de Big Muley, que pesava 11,7 kg, e que era uma brecha de impacto, formada pela fusão de vários tipos de rochas durante uma colisão de um meteorito.
  • A realização do primeiro experimento de comunicação a laser entre a Lua e a Terra, usando um refletor instalado na superfície lunar,

5. A Última Caminhada Lunar

5.1 A experiência dos astronautas na superfície lunar

Cernan e Schmitt passaram três dias na superfície lunar, realizando três caminhadas extraveiculares, ou EVAs, que somaram 22 horas e 4 minutos, o recorde de tempo de atividade na Lua. 

Eles percorreram um total de 35,9 km com o LRV, o recorde de distância de um veículo espacial de qualquer tipo. 

Eles coletaram 110,5 kg de amostras de rochas e solo, o recorde de massa de material lunar trazido à Terra. 

Eles também instalaram vários experimentos científicos, como o pacote de experimentos de superfície lunar (ALSEP), o refletor a laser, o experimento de calor no subsolo, e o experimento de explosão sônica.

Durante as caminhadas, os astronautas demonstraram bom humor e entusiasmo, fazendo piadas, cantando, e brincando com a gravidade lunar. 

Eles também se comunicaram com o controle da missão e com o público na Terra, descrevendo suas observações e impressões. 

Eles relataram a beleza e a variedade da paisagem lunar, bem como as dificuldades e os desafios de trabalhar nela. 

Eles também expressaram sua admiração e respeito pela Terra, que eles podiam ver como um pequeno globo azul e branco no céu.

5.2 Marcos e legado da última caminhada lunar

A última caminhada lunar da Apollo 17 foi um marco histórico, pois foi a última vez que humanos exploraram a superfície de outro corpo celeste até hoje. 

Foi também a última vez que humanos viajaram além da órbita baixa da Terra, a cerca de 400 km de altitude. 

A última caminhada lunar deixou um legado duradouro, tanto na ciência quanto na cultura.

Do ponto de vista científico, a última caminhada lunar contribuiu para o avanço do conhecimento sobre a origem, a evolução, e a geologia da Lua, bem como sobre a relação entre a Lua e a Terra. 

As amostras coletadas e os experimentos realizados forneceram dados valiosos para a compreensão do sistema solar e da astrofísica. 

A última caminhada lunar também serviu de inspiração e de base para futuras missões de exploração espacial, tanto tripuladas quanto não tripuladas.

Do ponto de vista cultural, a última caminhada lunar marcou a imaginação e a emoção de milhões de pessoas ao redor do mundo, que acompanharam a transmissão ao vivo pela televisão e pelo rádio. 

A última caminhada lunar também gerou imagens e frases icônicas, que se tornaram símbolos da conquista espacial e da aventura humana. 

A última caminhada lunar também provocou reflexões e questionamentos sobre o papel e o destino da humanidade no universo, bem como sobre a responsabilidade e a ética da exploração espacial.

6. Retorno Triunfante e Encerramento do Programa Apollo

6.1 Retorno à Terra

Após três dias na superfície lunar, Cernan e Schmitt acionaram o motor do estágio ascendente do LM, chamado de Challenger, e decolaram da Lua às 22:54:37 UTC do dia 14 de dezembro de 1972. 

Eles se encontraram e se acoplaram com o CSM, chamado de America, onde Evans os aguardava. 

Eles transferiram as amostras e os equipamentos para o CSM, e descartaram o estágio ascendente do LM, que foi deliberadamente colidido com a superfície lunar, gerando um sinal sísmico que foi registrado pelos experimentos deixados na Lua.

Os três astronautas permaneceram em órbita lunar por mais dois dias, realizando observações e experimentos adicionais. 

Evans realizou uma caminhada espacial de 1 hora e 6 minutos, na qual ele recuperou três pacotes de filmes fotográficos do módulo de serviço. 

Ele também lançou um pequeno satélite, chamado de Subsatélite Apollo, que estudou o ambiente lunar por cerca de um ano e meio.

No dia 16 de dezembro de 1972, às 22:54:37 UTC, os astronautas acionaram o motor do módulo de serviço, e iniciaram a viagem de volta à Terra. E

les se separaram do módulo de serviço, e entraram na atmosfera terrestre com o módulo de comando, que tinha um escudo térmico para protegê-los do calor da reentrada. 

Eles pousaram no Oceano Pacífico, a cerca de 6,5 km do navio de recuperação USS Ticonderoga, às 19:24:59 UTC do dia 19 de dezembro de 1972. 

Eles foram resgatados por helicópteros, e levados para o navio, onde foram recebidos com honras e celebrações. 

Eles passaram por exames médicos, e foram colocados em quarentena por precaução, até serem liberados no dia 25 de dezembro de 1972.

6.2 O encerramento do Programa Apollo

A Apollo 17 foi a última missão do Programa Apollo, que havia começado em 1961, e que havia realizado 17 missões tripuladas, sendo que seis delas levaram humanos à Lua. 

O Programa Apollo foi encerrado por vários motivos, entre eles:

  • A redução do orçamento da NASA, que foi afetada pela crise econômica e pela guerra do Vietnã;
  • A diminuição do interesse público e político pela exploração lunar, que foi ofuscada por outros problemas sociais e ambientais;
  • A mudança de foco da NASA para outros projetos, como o ônibus espacial, a estação espacial, e as sondas interplanetárias.

O Programa Apollo foi considerado um dos maiores feitos da humanidade, e um dos maiores sucessos da ciência e da tecnologia. 

O Programa Apollo cumpriu o desafio lançado pelo presidente John F. Kennedy, de levar humanos à Lua e trazê-los de volta em segurança, antes do final da década de 1960. 

O Programa Apollo também superou a rivalidade com a União Soviética, que havia sido o principal estímulo para a corrida espacial. 

O Programa Apollo também contribuiu para o avanço do conhecimento sobre o universo, e para o desenvolvimento de inovações que beneficiaram a sociedade.

7. Conclusão

7.1 Legado da Apollo 17

A Apollo 17 foi a última e mais longa missão lunar, que encerrou o Programa Apollo com um grande legado científico e cultural. 

A missão foi comandada por Eugene A. Cernan, que se tornou o último homem a pisar na Lua, e que deixou sua marca e sua mensagem na superfície lunar. 

A missão também teve a participação de Harrison H. Schmitt, que foi o primeiro e único geólogo profissional a pousar na Lua, e que trouxe importantes contribuições para a ciência lunar. 

A missão ainda contou com Ronald E. Evans, que permaneceu em órbita lunar, e que realizou vários experimentos e observações astronômicas.

A Apollo 17 trouxe várias descobertas científicas importantes, como o solo laranja, a rocha mais antiga, e a maior rocha já trazidas da Lua. 

A missão também realizou vários experimentos geofísicos, biológicos, ambientais, e de comunicação, que forneceram dados valiosos para a compreensão do sistema solar e da astrofísica. 

A missão também serviu de inspiração e de base para futuras missões de exploração espacial, tanto tripuladas quanto não tripuladas.

A Apollo 17 marcou a imaginação e a emoção de milhões de pessoas ao redor do mundo, que acompanharam a transmissão ao vivo pela televisão e pelo rádio. 

A missão também gerou imagens e frases icônicas, que se tornaram símbolos da conquista espacial e da aventura humana. 

A missão também provocou reflexões e questionamentos sobre o papel e o destino da humanidade no universo, bem como sobre a responsabilidade e a ética da exploração espacial.

A Apollo 17 foi o último capítulo memorável do Programa Apollo, que levou humanos à Lua e explorou o seu solo. 

A missão deixou um legado duradouro, que continua a influenciar e a inspirar as gerações posteriores. 

A Apollo 17 foi uma missão que mostrou o potencial e a capacidade da humanidade de realizar grandes feitos, e que também desafiou a humanidade a buscar novos horizontes. 

A Apollo 17 foi uma missão que encerrou uma era, mas que também abriu novas possibilidades. 

A Apollo 17 foi uma missão que valeu a pena.

Referências